No Dia Nacional dos professores, 15 de outubro de 2023, o governo federal voltou a colocar a educação no centro do debate ao prometer reparar os danos deixados pela gestão anterior e pela pandemia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, comunicou a nação em suas redes sociais que o Executivo está "recuperando o orçamento da área, reajustando o repasse para alimentação escolar e bolsas de pesquisa" e que a luta continua "para consertar o estrago feito nos últimos anos". A declaração foi publicada às 10h31, horário de Brasília, por meio da imprensa CartaCapital. Ao mesmo tempo, o Camilo Santana, Ministro da Educação reforçou que o plano inclui "melhores condições de trabalho" para os docentes nos 26 estados e no Distrito Federal.

Contexto histórico da educação no Brasil

Ao longo da última década, a educação brasileira sofreu cortes orçamentários significativos, sobretudo entre 2019 e 2022, quando o então presidente Jair Messias Bolsonaro, Partido Liberal (PL) reduziu recursos em áreas como alimentação escolar e infraestrutura de escolas públicas. A crise se agravou com a pandemia de COVID‑19, que deixou mais de 47 milhões de estudantes fora das salas de aula por longos períodos. Dados do INEP indicam que a taxa de evasão escolar subiu 4,2% entre 2020 e 2022, enquanto a taxa de analfabetismo ainda ronda 7,2% da população adulta.

Mensagem de Lula no Dia dos Professores 2023

A mensagem de Lula, enviada ao Twitter e ao Instagram, começou com um reconhecimento simbólico: "No dia deles, queremos lembrar da importância de valorizar o ensino e os profissionais da educação". Em seguida, o presidente detalhou três pilares da sua agenda educacional:

  1. Reaver o orçamento federal destinado à educação, que já supera R$ 250 bilhões em 2023.
  2. Expandir a oferta de ensino em tempo integral, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde apenas 12% das escolas oferecem jornada completa.
  3. Retomar as metas de acesso ao ensino superior, ampliando vagas em universidades federais e institutos técnicos.

Ao final, Lula enfatizou o compromisso pessoal: "Meu carinho e compromisso com essa categoria tão fundamental para nosso país".

Criação da Carteira Nacional Docente (CNDB)

Na mesma data, em Rio de Janeiro, Lula assinou o decreto que institui a Carteira Nacional Docente (CNDB). O documento funciona como um programa de benefícios: 2,7 milhões de professores receberão descontos em livrarias, material didático, transporte e serviços de saúde ao apresentar o cartão em estabelecimentos que adotarem o selo #TôComProf. O ministro Camilo Santana explicou que a iniciativa deve "garantir melhores condições de vida para quem forma nossas futuras gerações".

Os primeiros parceiros anunciados incluem grandes redes de varejo como Magazine Luiza e Vivo, que disponibilizarão descontos de até 30% em produtos selecionados. A expectativa é que, até o fim de 2024, mais de 1.000 empresas se cadastrem no programa.

Lançamento do Programa "Mais Professores para o Brasil" (2025)

Lançamento do Programa "Mais Professores para o Brasil" (2025)

Dois anos depois, em 14 de janeiro de 2025, o presidente Lula voltou ao Palácio do Planalto para apresentar o programa Mais Professores para o Brasil. O decreto, publicado no Diário Oficial da União em 15 de janeiro, estabelece cinco eixos de ação:

  • Formação Continuada: bolsas de estudo para mestrado e doutorado em áreas estratégicas como matemática, engenharia e inteligência digital.
  • Atração de Talentos: incentivos financeiros para profissionais recém‑formados que ingressarem em escolas da rede pública.
  • Valorização Salarial: reajuste de até 15% nos salários de professores da educação básica nos estados que apresentarem desempenho acima da média nacional.
  • Infraestrutura: investimento de R$ 12 bilhões na construção e reforma de escolas, com foco em laboratórios de ciências e salas de informática.
  • Gestão Participativa: criação de conselhos municipais que incluam professores, pais e comunidade local na tomada de decisões.

Segundo o secretário de Educação Básica, Jader Fontes, o programa pode impactar cerca de 50 milhões de estudantes e 5 milhões de docentes ao longo dos primeiros cinco anos.

Repercussões e perspectivas futuras

Especialistas apontam que a soma das políticas – recuperação orçamentária, CNDB e o programa "Mais Professores" – tem potencial para reverter a tendência de queda no número de docentes qualificados. A educadora e pesquisadora da UnB, Maria Helena Sousa, destacou que "o investimento em professor é, literalmente, investir no futuro econômico do país". Ela acrescentou que, sem a valorização dos profissionais, nenhuma política de tecnologia ou currículo avançado terá eficácia.

Entretanto, a oposição alerta para riscos de implementação. O senador Jorge Kajuru afirmou que "a criação de cartões de benefício pode virar mais um favorecimento a setores empresariais se não houver transparência". Em resposta, a Secretaria de Transparência do Ministério da Educação prometeu publicar, até o fim de 2024, um relatório detalhado de todas as parcerias firmadas sob o selo #TôComProf.

O que fica claro é que a luta pela educação no Brasil passou a ser foco central da agenda presidencial, e os próximos anos serão decisivos para medir se as promessas se transformarão em resultados concretos nas salas de aula.

Perguntas Frequentes

Como o Cartão Nacional Docente beneficia os professores?

O CNDB permite que 2,7 milhões de docentes acessem descontos de até 30% em estabelecimentos parceiros que exibem o selo #TôComProf. Isso inclui material didático, transporte, planos de saúde e até cursos de aperfeiçoamento, aliviando custos do dia a dia e fomentando a formação continuada.

Qual o objetivo do programa "Mais Professores para o Brasil"?

O programa visa atrair, formar e reter professores nas escolas públicas, por meio de bolsas de pós‑graduação, reajustes salariais, investimentos em infraestrutura e gestão participativa. A meta é impactar 50 milhões de estudantes e melhorar a qualidade de ensino em todo o país.

Quais foram os principais cortes à educação durante o governo Bolsonaro?

Entre 2019 e 2022, o orçamento da Educação caiu cerca de 8%, com reduções notáveis em programas de alimentação escolar, transporte estudantil e investimentos em infraestrutura, além da suspensão de várias bolsas de pesquisa.

O que a pandemia de COVID‑19 fez ao sistema educacional brasileiro?

O fechamento das escolas gerou perdas de aprendizado equivalentes a quase um semestre escolar, aumentou a evasão e evidenciou a falta de acesso à internet em áreas rurais, prejudicando cerca de 20 milhões de estudantes.

Quais são as metas de longo prazo do governo para a educação?

Entre as metas estão elevar a taxa de alfabetização para 95% até 2030, ampliar escolas de tempo integral para 50% da rede pública, e garantir que 80% dos estudantes concluam o ensino médio com competências digitais e científicas.