Quando Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística recebeu a autorização do Decreto nº 12.647, ficou claro que o órgão está reforçando seu quadro com mais servidores ligados ao Concurso Público Nacional Unificado (CPNU). A medida, publicada no Diário Oficial em 1º de outubro de 2025, permite a incorporação de 88 novos aprovados, ampliando a recente leva de cerca de 200 nomes que já haviam sido nomeados em julho.
A chamada oficial ocorreu na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, onde, em 8 de julho de 2025, Marcio Pochmann, presidente do IBGE, recebeu os primeiros candidatos e destacou a importância dos dados para a formulação de políticas públicas.
O CPNU, lançado como um modelo único de seleção federal, oferece 6.640 vagas distribuídas entre 21 órgãos, agrupadas em oito blocos temáticos. Para o IBGE, as oportunidades de nível superior somam 595 posições, repartidas entre os blocos de Infraestrutura, Tecnologia, Ambiental, Educação, Setores Econômicos e Gestão Governamental.
Contexto e histórico do CPNU
O concurso nasceu da necessidade de simplificar o acesso a cargos públicos, permitindo que um único exame sirva a diversos ministérios. Desde seu anúncio em março de 2025, mais de 120 mil candidatos se inscreveram, pagando taxa de R$ 60 (nível médio) ou R$ 90 (nível superior). A isenção, prevista para quem está no CadÚnico, doadores de medula óssea ou beneficiários do Prouni e FIES, fez o certame mais inclusivo.
O primeiro grande lote de nomeações ocorreu em julho, quando o IBGE recebeu 200 novos colegas. Na ocasião, o Programa de Integração de Novos Servidores (PINS) organizou dinâmicas de integração, palestras sobre direitos trabalhistas e workshops de ferramentas de gestão.
Detalhes da nova nomeação de 88 servidores
A mais recente autorização cobre 88 aprovados que ocuparão vagas principalmente nos blocos 2 (Tecnologia, Dados e Informação) e 6 (Setores Econômicos e Regulação). A distribuição segue a classificação dos candidatos: quem ficou melhor posicionado tem preferência na escolha da localidade, que pode variar entre todas as unidades da federação.
- 133 vagas no Bloco 1 – Infraestrutura, Exatas e Engenharias;
- 122 vagas no Bloco 2 – Tecnologia, Dados e Informação;
- 29 vagas no Bloco 3 – Ambiental, Agrário e Biológicas;
- 4 vagas no Bloco 5 – Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos;
- 32 vagas no Bloco 6 – Setores Econômicos e Regulação;
- 275 vagas no Bloco 7 – Gestão Governamental e Administração Pública.
Os recém‑nomeados deverão passar pelos mesmos módulos do PINS, que agora inclui sessões regionais nas capitais de cada estado, programadas para o primeiro semestre de 2026.
Reações e declarações da liderança do IBGE
Em entrevista concedida ao Jornal da Manhã em 2 de outubro, Marcio Pochmann reforçou que “o trabalho do IBGE é a base para que o país conheça sua própria realidade”. Ele acrescentou que o aumento do quadro de pessoal permitirá acelerar a modernização dos sistemas de coleta e processamento de dados.
Além do presidente, Michel Silva assumiu, no mesmo dia, a coordenação geral de Comunicação Social. Formado pela PUC‑Rio e com experiência na Fiocruz e UNESCO, Silva será responsável por divulgar, de forma transparente, os resultados das próximas etapas do censo e das pesquisas de painel.
Já Jeane Dezerto Ribeiro, que já atua no IBGE desde 1980, tomou a chefia da Coordenação de Atendimento e Informação do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI/COATI). “Com quase quatro décadas aqui, conheço os desafios e sei que a integração desses novos talentos será fundamental para manter a excelência”, disse.

Impactos operacionais e perspectivas para o instituto
O reforço de 88 postos implica, segundo a diretoria de Recursos Humanos, um aumento de cerca de 4 % na capacidade de realização de levantamentos de campo. Em números, isso pode significar até 15 mil entrevistas a mais por trimestre, principalmente nas áreas de tecnologia da informação e análise de dados.
Especialistas em gestão pública apontam que a ampliação também traz desafios logísticos: a necessidade de novos equipamentos de coleta, treinamento em softwares de análise geoespacial e ajustes nas rotinas de pagamento.
Por outro lado, o aumento do efetivo coincide com a preparação para o Censo 2026, que deverá incorporar novas metodologias digitais. “Ter mais profissionais especializados em dados é um dos pilares da nossa estratégia de modernização”, destacou o diretor de Tecnologia do IBGE, ainda não nomeado publicamente.
Próximos passos e integração dos novos servidores
Até 30 de novembro de 2025, os 88 servidores deverão assinar o termo de posse e iniciar o Programa de Integração de Novos Servidores. O cronograma inclui:
- Curso de boas‑vindas – 2 dias de apresentação institucional;
- Treinamento técnico – módulos de 40 horas em coleta de dados e uso de tablets de campo;
- Mentoria – cada novo servidor será acompanhado por um colega sênior por três meses;
- Avaliação de desempenho – feedbacks mensais nos primeiros seis meses.
Com a expectativa de que a maioria dos novos colaboradores seja alocada em regiões com menor cobertura estatística, o IBGE espera melhorar a representatividade das suas pesquisas, sobretudo nos estados do Norte e Nordeste.
Perguntas Frequentes
Quantas vagas totais o IBGE tem no CPNU?
O instituto possui 595 vagas de nível superior distribuídas em oito blocos temáticos, além de posições de nível médio ainda não divulgadas.
Quem pode solicitar isenção da taxa de inscrição?
A isenção está prevista para candidatos cadastrados no CadÚnico, doadores de medula óssea, beneficiários do Prouni ou do FIES, conforme estabelecido no edital do CPNU.
Qual a data prevista para a conclusão do PINS?
O Programa de Integração de Novos Servidores deve terminar em 30 de novembro de 2025, quando todos os recém‑nomeados concluirão os módulos obrigatórios.
Como a ampliação de servidores afetará o próximo Censo?
Com mais profissionais, o IBGE espera ampliar a capilaridade da coleta de dados, especialmente em áreas menos atendidas, o que deve melhorar a qualidade e a rapidez dos resultados do Censo 2026.
Quais mudanças estruturais foram anunciadas recentemente?
Em 30 de setembro de 2025, o IBGE indicou que Michel Silva assumirá a coordenação geral de Comunicação Social, e Jeane Dezerto Ribeiro passará à Coordenação de Atendimento e Informação do CDDI/COATI.
Comentários
Ryane Santos
outubro 7, 2025O Decreto 12.647, ao autorizar a entrada de mais 88 servidores no IBGE, serve como um exemplar de como a burocracia federal pode se ocultar sob o pretexto de eficiência, enquanto, na prática, acumula camadas de processos que muitas vezes atrasam a própria modernização que se pretende alcançar. Primeiro, é preciso reconhecer que a ampliação de 4 % na capacidade de levantamentos de campo não é meramente um número; ele implica uma série de investimentos em equipamentos, treinamento e atualização de softwares que, se não forem bem coordenados, podem transformar o entusiasmo inicial em um gargalo operacional. Segundo, a distribuição dos novos servidores nos blocos de Tecnologia e Setores Econômicos reflete uma tentativa estratégica de alavancar a análise de dados, porém, sem uma clara definição de papéis, corre-se o risco de sobreposição de funções e conflitos de autoridade.
Além disso, o Programa de Integração de Novos Servidores (PINS), que agora inclui sessões regionais, parece uma resposta tardia às demandas de capilaridade, mas ainda carece de indicadores claros de sucesso. Enquanto os mentores sêniores são designados para acompanhar os novatos, não há menção de métricas de desempenho que validem essa prática como efetiva, o que pode resultar em uma tutela simbólica mais do que em apoio real.
Outro ponto crítico é a preparação para o Censo 2026; a presença de mais profissionais especializados em dados é, sem dúvida, um pilar, mas a falta de um plano de contingência para lidar com possíveis falhas tecnológicas deixa uma lacuna perigosa. Se os tablets de campo apresentarem defeitos ou se houver interrupções de conexão, a margem de erro pode subir consideravelmente, impactando a qualidade dos resultados publicados.
Ademais, é impossível ignorar o aspecto logístico: alocar recursos financeiros para salários, benefícios e formação desses 88 novos servidores representa um aumento de despesas que deve ser justificado frente a outros programas sociais que competem por orçamento. A Receita Federal já sinaliza a necessidade de maior austeridade, e, portanto, a expansão do quadro de pessoal deve ser acompanhada de transparência nos custos operacionais.
Por fim, a narrativa de que “o trabalho do IBGE é a base para que o país conheça sua própria realidade” é, ao mesmo tempo, verdade e exagero; a base depende não apenas de quantidade, mas sobretudo da qualidade dos processos e da integridade dos dados. Em suma, a medida traz potencial, mas requer um acompanhamento rigoroso, auditorias periódicas e, sobretudo, um comprometimento institucional que vá além de números e decretos para garantir que a promessa de modernização não se perca em outros labirintos administrativos.
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